10 Livros Brasileiros lançados em 2025
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- 28 de ago.
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Atualizado: há 6 horas

Mesmo já estando em agosto, já dá para perceber algumas joias que chegaram às prateleiras das livrarias brasileiras em 2025. Entre livros infantis encantadores, biografias de personalidades marcantes, ensaios que provocam reflexão sobre língua e racismo, e aquele romance que todos estavam esperando, o mercado editorial nacional mostrou que vem cheio de novidades.
O NOVO AGORA - Autor: Marcelo Rubens Paiva
Em O Novo Agora, Marcelo Rubens Paiva dá sequência às histórias contadas em Feliz Ano Velho e Ainda Estou Aqui, misturando memórias pessoais e acontecimentos familiares para criar um relato íntimo sobre a paternidade. O autor, que se tornou pai depois dos cinquenta, cadeirante e crítico do governo vigente, compartilha suas experiências com sinceridade e emoção.

Diferente das obras anteriores, que focavam no acidente que o deixou em uma cadeira de rodas, no desaparecimento do pai durante a ditadura e na luta da mãe para cuidar da família e enfrentar desafios como o Alzheimer, aqui Marcelo assume o papel de pai. Entre momentos de humor e melancolia, ele explora os desafios da paternidade, enquanto relembra períodos difíceis do país, como mudanças políticas, a pandemia e a crise no casamento.
A narrativa vai e volta no tempo, conectando memórias de infância e histórias de seus pais, e aos poucos constrói um retrato profundo de uma família marcada por dificuldades, mas que aprende a se reinventar e seguir em frente, mesmo diante das adversidades.
Vale a pena conferir, se quiser saber mais sobre o livro clique aqui.
SOBRE O AUTOR

Marcelo Rubens Paiva (São Paulo, 1959) é escritor, dramaturgo, jornalista e uma das vozes mais marcantes da literatura brasileira contemporânea. Filho do deputado Rubens Paiva, morto pela ditadura militar, Marcelo cresceu em meio às dores de uma história familiar atravessada pela violência política. Aos 20 anos, sofreu um acidente que o deixou tetraplégico, experiência que transformou em literatura e o lançou no cenário nacional com Feliz Ano Velho (1982), obra que se tornou um clássico e foi traduzida para diversos idiomas.
Com uma carreira diversa, Marcelo transitou entre romances, contos, teatro, crônicas e roteiros de cinema, além de atuar como colunista em veículos importantes como Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. Entre suas obras mais conhecidas estão Blecaute, Ainda Estou Aqui (Prêmio Jabuti) e Malu de Bicicleta, adaptado para o cinema.
Seu trabalho combina memória, crítica social, humor e lirismo, sempre com olhar afiado sobre o Brasil e suas contradições. Ao longo dos anos, consolidou-se como um autor que desafia fronteiras entre literatura, jornalismo e teatro, transformando sua trajetória pessoal em força criativa e reflexão coletiva.
NA PONTA DA LÍNGUA - Autor: Caetano W. Galindo
Na Ponta da Língua vai muito além de ser um simples guia de etimologia. Caetano W. Galindo, autor do sucesso Latim em Pó, nos oferece as ferramentas para nos tornarmos pequenos detetives da nossa própria língua.

Com o corpo humano como fio condutor, da cabeça aos pés, ele explica, com leveza e humor, como surgiram certas palavras e transformações curiosas do português — como o porquê de “pescoço” não ter se mantido “poscoço” ou a conexão inesperada entre joelho e almofada. Entre risadas proporcionadas por sua escrita quase teatral, acabamos absorvendo sem esforço os processos históricos que moldaram a língua ao longo dos séculos.
Ao terminar o livro, diminutivos como “inho” nunca mais serão os mesmos. Uma verdadeira aula de etimologia, divertida e sem dores de cabeça — que, aliás, é uma palavra com origem no latim capitia, igual a “chefe”!
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SOBRE O AUTOR

Caetano Waldrigues Galindo (Curitiba, 1973) é escritor, professor e um dos mais respeitados tradutores do Brasil. Doutor em Linguística pela USP, leciona História da Língua Portuguesa na Universidade Federal do Paraná desde 1998. Sua trajetória acadêmica se entrelaça com sua paixão pela literatura, especialmente pela obra de James Joyce, de quem traduziu o monumental Ulysses, trabalho que lhe rendeu o Prêmio Jabuti e o reconhecimento da Academia Brasileira de Letras.
Além das traduções de autores como David Foster Wallace, Thomas Pynchon, Alice Munro e J.D. Salinger, Galindo também construiu uma sólida carreira como escritor. Entre suas obras mais conhecidas estão Sim, eu digo sim (2016), guia para leitores de Joyce, e Latim em pó (2023), em que conduz o público por uma viagem envolvente sobre a formação do português.
Com sua escrita acessível e erudita, Galindo se destaca por tornar temas complexos — da literatura experimental à história da língua — mais próximos de leitores curiosos e apaixonados por palavras.
CLÁUDIA WONDER - FLOR DO ASFALTO - Autor: Dácio Pinheiro
Flor do Asfalto conta a história de Claudia Wonder, multiartista e militante, narrada por ela mesma, desde o nascimento em 1955, em São Paulo, até sua morte em 2010. Ao longo do livro, Claudia divide experiências da vida pessoal e profissional, revela como se compreendeu travesti e, já perto dos 50 anos, descobriu sua condição de pessoa intersexo.

Entre dúvidas, descobertas e nuances, sua relação com o gênero se reflete diretamente em sua trajetória artística. Claudia recorda suas primeiras apresentações em cabarés, onde dublagens e intervenções cirúrgicas eram condicionantes para atuar, passando por pornochanchadas, filmes adultos e ensaios fotográficos em revistas masculinas. Mas sua ambição ia além das expectativas direcionadas a artistas travestis: encontrou no rock sua verdadeira voz, liderando diversas bandas e criando performances marcantes, como O Vômito do Mito, numa banheira cheia de groselha, simbolizando sangue e a devastação do HIV. Ao longo do tempo, se consolidou como uma lenda da cena underground paulistana.
Do efervescente rock europeu dos anos 1980 e 1990, aos sets de cinema, redação da G Magazine, Teatro Oficina e bares icônicos de São Paulo, Claudia percorre cenários que marcaram sua vida. Apesar da força e ousadia, suas memórias revelam também a humanidade da artista — com suas particularidades e complexidades, tão fascinantes quanto as flores. E, se há algo verdadeiramente wonderful em Claudia Wonder, é sua coragem.
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SOBRE O AUTOR

Dácio Pinheiro é cineasta e produtor brasileiro, com quase duas décadas de atuação no audiovisual. Formado em Rádio e TV pela Universidade Metodista de São Bernardo do Campo e em Cinema e Vídeo pela FAAP, em São Paulo, construiu uma carreira marcada pela diversidade de projetos: videoclipes, filmes de moda, curtas e longas documentais.
Entre seus trabalhos mais reconhecidos está o documentário Meu Amigo Claudia (2009), sobre a trajetória da artista e ativista trans Claudia Wonder. O filme estreou no Frameline Queer Film Festival de San Francisco, venceu prêmios de melhor documentário no Mix Brasil e no LesGaiCineMad (Madrid), chegou aos cinemas em 2013 e posteriormente foi exibido no Canal Brasil e na plataforma Looke.
Em 2019, dirigiu Eletrônica:Mentes, dedicado à cena eletrônica brasileira, exibido em festivais e nos canais Film & Arts e Curta!. No mesmo período, co-produziu o documentário alemão O Tesouro Esquecido, veiculado em festivais internacionais e pelo canal MDR. Mais recentemente, realizou o curta O Aniversário do Seu Lair (2022), e segue ativo em novos projetos: Lenita (em fase de lançamento) e Excursão Artística Villa Lobos, em parceria com o Canal Curta!.
Além da direção, Dácio também se destacou na montagem. Trabalhou em produções como Tikimentary (2010), VideoBrasil 30 anos (2013), Bom Dia Ipanema (2014), Museu Entre Tempos (2018), no longa de ficção Gata Velha Ainda Mia (2014) e, mais recentemente, na série Notícias Populares (2023), criada por André Barcinski e dirigida por Marcelo Caetano.
LUANDA NO TERREIRO - Autor: Marcelo D' Salete
Luanda está empolgada com a festa que vai acontecer no terreiro. Toda a comunidade se mobiliza para preparar o xirê, e ela não quer ficar de fora. Com a lista de compras na mão, segue para a loja do seu Beto, procurando inhame, dendê e feijão. Mas, no caminho, algo chama sua atenção. “Será que alguém está me seguindo?”, pensa. E, logo adiante, descobre que não era paranoia: quem a acompanhava era Edu.

Durante o trajeto, Edu não poupa críticas à religião de Luanda, mas ela aproveita a oportunidade para mostrar que o preconceito pode ser enfrentado com respeito e empatia. Através dessa experiência, convida todos a conhecerem um pouco mais sobre as religiões de matriz africana.
Luanda no Terreiro é a primeira história em quadrinhos de Marcelo D’Salete publicada pela Companhia das Letrinhas. Com seu traço premiado e reconhecido, o autor traz cores, cheiros, sons, comidas e encantos do Candomblé, exaltando os espaços sagrados e rituais, e aborda a tolerância religiosa com a delicadeza e a leveza próprias da infância.
Indicado para leitores a partir de 4 anos.
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SOBRE O AUTOR

Marcelo D’Salete (São Paulo, 1979) é quadrinista, ilustrador e professor, reconhecido internacionalmente por retratar, em suas obras, a resistência negra e a luta contra a escravidão no Brasil. Mestre em História da Arte pela Universidade de São Paulo, iniciou sua trajetória ainda na adolescência, estudando design gráfico no colégio Carlos de Campos e trabalhando como ilustrador para editoras. Sua estreia nos quadrinhos aconteceu em 2001, com publicações nas revistas Quadreca e Front.
Em 2008, lançou sua primeira graphic novel, Noite Luz, seguida por Encruzilhada (2011). Mas foi com Cumbe (2014) e Angola Janga (2017) — ambas pela editora Veneta — que se consolidou como um dos maiores nomes da HQ contemporânea. Angola Janga, resultado de mais de uma década de pesquisa, recria a história do Quilombo dos Palmares em uma narrativa épica e sensível. Em 2023, apresentou Mukanda Tiodora, expandindo seu olhar sobre a experiência da escravidão no Brasil.
Sua obra lhe rendeu diversos prêmios. No Brasil, recebeu o Troféu HQ Mix em várias categorias e conquistou o Prêmio Jabuti de História em Quadrinhos em 2018, com Angola Janga. No exterior, alcançou reconhecimento ao vencer o Eisner Award — o mais prestigiado prêmio dos quadrinhos — com a edição norte-americana de Cumbe (Run for It), em 2018.
Marcelo D’Salete é hoje referência na produção de quadrinhos que cruzam arte, memória e crítica social, dando voz às histórias silenciadas da população negra.
OSWALD DE ANDRADE: MAU SELVAGEM - Autor: Lira Neto
Uma biografia fascinante de uma das figuras mais complexas e controversas da literatura brasileira. Com o estilo cinematográfico característico de Lira Neto e apoiado em um rico acervo documental, o livro revela Oswald de Andrade em toda a sua ironia, sensibilidade e força crítica.

Lira Neto mergulha fundo na vida de Oswald, explorando suas contradições: religioso e blasfemo, comunista e burguês, apaixonado e infiel. Autor de poemas revolucionários e romances experimentais, ele era ao mesmo tempo intenso, sentimental, amoroso e explosivo. Um pensador inquieto, que usava sarcasmo e palavras afiadas para desafiar o conformismo intelectual. Mais do que um escritor, Oswald era um personagem de si mesmo.
Baseada em cartas, diários e manuscritos, a narrativa empolgante mostra que Oswald foi muito além de um simples ativista modernista. Jornalista combativo e intérprete crítico do Brasil, ele confrontou o patriarcado e antecipou ideias que hoje chamamos de decolonialidade. Combinava ferocidade criativa e espírito carnavalesco à tradicional imagem do “bom selvagem”. Incompreendido em vida, morreu pobre e quase esquecido, mas seu legado contestador se tornou inspiração para movimentos artísticos posteriores, como a Poesia Concreta, o Teatro Oficina e a Tropicália.
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SOBRE O AUTOR

Lira Neto (Fortaleza, 25 de dezembro de 1963) é jornalista, editor e um dos mais importantes biógrafos brasileiros da atualidade. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, construiu uma carreira sólida unindo rigor histórico e narrativa envolvente. Ao longo de mais de duas décadas de produção, já publicou quase vinte livros, muitos deles premiados.
Sua obra é marcada por grandes biografias que recuperam personagens e episódios fundamentais da história e da cultura do Brasil. Entre elas, destacam-se Maysa – Só numa multidão de amores (2007), Padre Cícero – Poder, fé e guerra no sertão (2009) e a monumental trilogia Getúlio (2012–2014), considerada um marco na historiografia contemporânea e vencedora de prêmios como o Jabuti e o APCA. Mais recentemente, publicou títulos como Uma história do samba (2017), Os arrancados da terra (2021) e A arte da biografia (2022). Em 2025, lança Oswald de Andrade: mau selvagem.
Além da escrita, Lira Neto também atuou como professor e jornalista em veículos como Diário do Nordeste e O Povo, onde foi revisor, repórter, editor de cultura e ombudsman. Sua trajetória inclui ainda experiências como coordenador editorial e, no exterior, como professor visitante na Portuguese School do Middlebury College, nos Estados Unidos.
Vencedor de quatro Prêmios Jabuti e do APCA, Lira Neto se consolidou como referência no gênero biográfico, combinando pesquisa minuciosa, estilo literário e compromisso com a memória cultural brasileira.
COISAS QUE A GENTE SENTE E A DURAÇÃO DAS COISAS - Autor: Cláudio Thebas
ATÉ QUANDO O TEMPO SONHA. AINDA É QUANDO O TEMPO CANSA. A INFÂNCIA VIVE DENTRO DO ADULTO. NÃO SE LIMITA A UMA CRIANÇA.

Até que ponto conseguimos colocar em palavras o que sentimos? Quanto tempo uma emoção permanece com a gente? Quantas histórias cabem em um único instante? O quanto do nosso passado se reflete no presente? E, principalmente, quanto de nós ainda é feito das crianças que fomos?
Em Coisas que a gente sente e a duração das coisas, Cláudio Thebas nos presenteia com pequenos poemas repletos de ternura e sensibilidade, acompanhados pelas ilustrações delicadas de Natalya Osowiec. O livro é um verdadeiro manifesto à infância que permanece em nós, aquela época em que o tempo parecia escorrer lentamente, gota a gota. Uma celebração poética de tudo que nos forma e nos torna quem somos.
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SOBRE O AUTOR

Claudio Thebas é, antes de tudo, palhaço – mas também educador, escritor e um grande entusiasta da escuta como ferramenta de conexão entre pessoas.
Pós-graduado em Pedagogia da Cooperação, atua criando projetos colaborativos que aproximam e transformam ambientes, especialmente no universo corporativo. É reconhecido por iniciativas que promovem a humanização das relações e por sua capacidade de traduzir temas complexos em experiências de convivência mais leves e autênticas.
Fundou o Laboratório de Escuta e Convivência e a InPutz Cultura Colaborativa, espaços dedicados ao desenvolvimento de práticas de escuta e colaboração.
Autor de livros voltados para relacionamento e vida em comunidade, Claudio já ultrapassou a marca de 1 milhão de exemplares vendidos em quatro países, consolidando sua presença como referência no tema.
MUCHACHO E OUTROS POEMAS - Autor: Rodrigo Lobo Damasceno
Em Muchacho e outros poemas, o poeta baiano Rodrigo Lobo Damasceno, finalista do prêmio Oceanos e semifinalista do Jabuti em 2024, percorre as madrugadas de São Paulo como um lobisomem de “coração aberto e proletário”, lírico e intenso, entre bares que acolhem seu amor rouco: “tristíssimo / palhaço / designado para as carícias e os suplícios / para o martírio e o exagero / para os vícios, os discos / e para o festim dos sentidos”.

Os versos transbordam paixão — pela vida, pela liberdade, pela própria poesia — em linhas que são, ao mesmo tempo, sinuosas e incisivas, delicadas e contundentes, prontas para serem declamadas em voz alta, quase como um uivo. O poeta salta de noite em noite, de bar em bar, de coração em coração, consciente de que “amar em meio aos salários baixos, / o crime organizado e a vanguarda tardia não é fácil”, mas nunca recua. Seus passos se misturam aos sons e aromas do centro de uma cidade vasta e melancólica, revelando a persistência dos amantes em tempos que parecem tornar impossível dar forma ao desejo.
Quem acompanhou Damasceno em Casa do Norte (2020) e Limalha (2023) reconhecerá nos poemas de Muchacho a mesma força lírica e política que o colocou entre os nomes mais promissores da nova geração. E quem ainda não conhece essa “incógnita astrológica”, esse “animal de Adidas, fazedor de versos”, vai descobrir que, em suas páginas, é sempre tarde — mas ele segue firme até que amor e vida se tornem uma só palavra: “passa de duas, você deve estar na cama / e eu tenho medo de terminar o poema. / mas vou viver até as últimas e mais graves consequências”.
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SOBRE O AUTOR

Rodrigo Lobo Damasceno nasceu em 1985, em Feira de Santana, no agreste baiano. Poeta, ensaísta e revisor, vem conquistando espaço na cena literária brasileira. Publicou os livros Casa do Norte (2020) e Limalha (2023), este último finalista do prêmio Oceanos e semifinalista do Jabuti em 2024.
Sua trajetória acadêmica é tão intensa quanto sua produção literária. Rodrigo é doutor em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela USP, onde pesquisou discursos e práticas antipoéticas e antipolíticas na poesia brasileira e hispano-americana. Também é mestre em Letras (Literatura Portuguesa) pela mesma universidade, com um estudo sobre autoria nas obras de Fernando Pessoa e Ezra Pound. Sua formação começou na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), onde se licenciou em Letras Vernáculas e iniciou pesquisas sobre poesia brasileira contemporânea e experiência urbana.
Com um olhar crítico e sensível, Rodrigo atua principalmente nas áreas de Teoria Literária, Literatura Brasileira, Literatura Portuguesa e Literatura Latino-americana, unindo pesquisa acadêmica e criação poética em uma escrita que provoca, questiona e encanta.
QUIMERA - Autora: Prisca Agustoni
“Verdejar o mundo / nem que seja na linguagem” — já no poema de abertura, Prisca Agustoni nos entrega a chave para entrar em Quimera, seu novo livro e vencedor do prêmio Oceanos 2023. A poeta suíço-brasileira escreve com plena consciência do colapso ambiental que nos cerca e nos chama para refletir e agir.

Em suas cinco seções, Quimera explora as diferentes dimensões do ser humano que se coloca fora da natureza, às vezes acima dela e, muitas vezes, contra ela. A poesia de Agustoni nos lembra do óbvio: somos parte da natureza. Aos poucos, um mundo mais vivo se revela: ter árvores crescendo dentro de nós, usar a escrita para cultivar a terra, enxergar a vida em um animal dissecado. A cada camada que a poeta revela, fica claro que somos, ao mesmo tempo, nossa maior ameaça e a esperança mais concreta.
Animais, o verde que ainda resiste e toda a natureza são vestígios do “antigo” que ignoramos em nome do progresso. Mas é justamente a persistência desses elementos, mesmo soterrados pelos erros humanos, que nos alerta e inspira. A poesia de Agustoni escava essa vida renovada através da linguagem: “cada fóssil exumado / é a letra submersa de uma língua / remota, que volta”.
Para os gregos, “quimera” significava metamorfose, transformação necessária para sobreviver aos conflitos; nos dicionários, virou sinônimo de sonho ou ilusão. Nos poemas de Agustoni, entretanto, a palavra assume outro peso: um sentido de utopia, de aprendizado com “o despertar dos extintos” e da necessidade de desconstruir “as previsões, / os cálculos exatos sobre nosso término”.
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SOBRE A AUTORA

Nascida em Lugano, na Suíça, em 20 de maio de 1975, Prisca Agustoni é uma poeta e escritora que construiu sua carreira entre culturas e idiomas. Formada em Literatura Hispânica e Filosofia, além de mestre em Estudos de Gênero pela Universidade de Genebra, mudou-se para o Brasil em 2002, onde concluiu o doutorado em Literatura Comparada na PUC Minas.
Multilíngue, escreve em italiano, português, francês e espanhol, o que dá à sua obra uma riqueza particular. Além da produção autoral, desenvolve um trabalho importante como tradutora, aproximando leitores brasileiros da poesia contemporânea suíça e, ao mesmo tempo, levando a poesia brasileira para outros idiomas.
Desde 2008, é professora de Língua e Literatura Italiana na Universidade Federal de Juiz de Fora.
Entre seus livros mais recentes estão O mundo mutilado (2020), O gosto amargo dos metais (2022), obra premiada no Oceanos 2023, e Arqueologias (2024). Em 2025, lança Quimera, confirmando sua força na cena literária contemporânea.
Sua escrita atravessa fronteiras, tanto geográficas quanto linguísticas, revelando uma autora que transforma a diversidade em poesia.
INSÔNIA - Autor: Graciliano Ramos
Insônia, de Graciliano Ramos, revela a alma humana em seus momentos mais sombrios. Nesta coletânea de contos, o autor alagoano nos conduz por um labirinto de angústias, frustrações e desesperança. Cada narrativa é um mergulho na solidão, nos conflitos éticos e na violência cotidiana, onde, à beira do abismo, nos confrontamos com nossos próprios demônios.

Com sua prosa concisa e precisa, Graciliano explora temas como miséria, opressão e loucura. Os contos de Insônia nos desafiam a encarar o lado mais obscuro da existência, em que sofrimento e resistência se entrelaçam em uma dança intensa e perturbadora.
Esta nova edição mantém toda a força e relevância da obra. Com prefácio da premiada Micheliny Verunschk e capa assinada pelo artista Andrés Sandoval, Insônia se reafirma como um clássico da literatura brasileira, oferecendo uma leitura capaz de penetrar profundamente na alma do leitor.
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SOBRE O AUTOR

Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em 27 de outubro de 1892, em Quebrangulo, no sertão de Alagoas, e se tornou um dos maiores nomes da literatura brasileira. Jornalista, cronista, contista, político e, acima de tudo, romancista, deixou uma obra marcada pelo olhar crítico sobre o Brasil, especialmente sobre as desigualdades sociais e a vida dura do povo nordestino.
Sua infância foi marcada por mudanças constantes entre cidades do Nordeste. Ainda jovem, trabalhou como jornalista no Rio de Janeiro, mas retornou a Alagoas em 1915 após uma tragédia familiar. Em Palmeira dos Índios, casou-se, constituiu família e até foi prefeito da cidade em 1927. Os relatórios oficiais que escreveu nessa época chamaram atenção pelo estilo direto e vigoroso, e acabaram sendo o incentivo para que publicasse seu primeiro romance, Caetés (1933).
Em seguida vieram São Bernardo (1934) e Angústia (1936), este último considerado por muitos críticos como sua obra-prima. Pouco depois, lançou Vidas Secas (1938), seu livro mais conhecido, que retrata a luta de uma família sertaneja contra a miséria e a seca, tornando-se um clássico absoluto da literatura nacional.
A vida de Graciliano também foi marcada por prisões políticas — chegou a ser acusado de ligação com a Intentona Comunista em 1936, experiência que mais tarde daria origem ao monumental Memórias do Cárcere (publicado postumamente em 1953).
Com uma prosa seca, direta e profundamente humana, ele construiu uma obra que ultrapassou o regionalismo e ganhou status universal. Seus livros não apenas retratam o sertão e suas agruras, mas também desnudam a alma humana em suas contradições mais profundas.
Graciliano faleceu em 20 de março de 1953, no Rio de Janeiro, aos 60 anos. Hoje, sua obra é leitura obrigatória e fonte constante de estudos, além de seguir inspirando novas gerações de leitores e escritores.
RACISMO ESTÉTICO - Autor: Seu João Xavier
Como pessoas negras percebem seus cabelos, peles e manifestações artísticas?

A partir dessa reflexão, o linguista e sociólogo Seu João Xavier analisa as experiências de pessoas negras diante do racismo e ressalta a importância da estética como parte central da identidade negra, apoiando-se na Teoria Racial Crítica.
O livro propõe, a partir dessa discussão, a necessidade de uma educação voltada para o Letramento Racial Crítico, essencial para reconhecer e valorizar as subjetividades e a diversidade que compõem a realidade brasileira.
Uma leitura fundamental para todos, especialmente para pesquisadores e professores que desejam aprimorar suas práticas antirracistas. Inclui prefácio do pesquisador Lynn Mario T. Menezes de Souza.
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SOBRE O AUTOR

Seu João Xavier é linguista, sociólogo, educador e escritor, com uma trajetória marcada pelo compromisso com a transformação social por meio da educação. Formado em Linguística pela UFMG, mestre e doutor em Estudos da Linguagem, ele também é especialista em Assessment pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Sua atuação une pesquisa, formação de professores e criação de projetos que articulam linguagem, tecnologias digitais e multiletramentos, sempre com foco na valorização da diversidade e na inclusão.
Ao longo de sua carreira, produziu materiais didáticos, coordenou eventos acadêmicos e facilitou cursos que aproximam as práticas educativas contemporâneas de reflexões sobre justiça social. Como palestrante, discute temas como letramento racial crítico, racismo estético e desigualdades de gênero, propondo diálogos que inspiram novas formas de pensar e agir no mundo.
Suas reflexões transitam pelas ideias de pensadores e pensadoras fundamentais como Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Bell Hooks, Patricia Hill Collins, Nego Bispo, Abdias do Nascimento e Frantz Fanon. A partir desse repertório, Seu João constrói uma perspectiva crítica e decolonial que conecta teoria, prática e engajamento social.
Autor e organizador de diversas obras, entre elas Racismo Estético: Decolonizando Mentes e Práticas Educativas (Editora Jandaíra), dedica-se a ampliar espaços de diálogo e de conscientização sobre como o racismo e as desigualdades moldam subjetividades, práticas culturais, políticas públicas e modos de produzir conhecimento.
Atualmente, coordena o Grupo de Estudos Críticos para as Relações Étnico-Raciais (GECRE/CNPq), organiza o Colóquio Encruzilhadas Culturais e atua como professor-pesquisador no Cefet-MG. Em paralelo, realiza doutorado em Neurociências na UFMG, investigando como o racismo impacta a vida de jovens privados de liberdade, em uma pesquisa que articula cognição, psicologia, sociologia e ciências do cérebro.
CONCLUSÃO
Ao longo de 2025, a literatura brasileira vem mostrando sua força e diversidade, seja na poesia, na prosa, nas histórias infantis ou nos ensaios que nos convidam a pensar o mundo de forma crítica e sensível. Cada livro que chega às livrarias é uma oportunidade de conhecer novas vozes, refletir sobre a nossa cultura e mergulhar em experiências únicas de leitura.
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Boa leitura e até o próximo post!
T.P.M.



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